O tempo nos fez gaúcho

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O tempo nos fez gaúcho de alma e palavra
antigo e ancestral por conta de quem se foi...
Na voz de um clarim de guerra fazendo pátria
na voz mansa dos aboios, tropeando bois.

A raça do campo largo bandeou fronteiras.
No lombo de um pingo bueno, fez sua estrada.
Pra sempre povoando ranchos sem rumo certo
pra um dia, depois dos mates, fazer morada.

Talvez, n'algum causo antigo à beira do fogo
se tenha esquecido um pouco a nossa história
mas a cada madrugada, de encilha e prosa
o dia há de clarear a nossa memória.

Talvez, o idioma dos ventos tenha contado
verdades de outros gaúchos além dos livros
daqueles que ergueram lanças por paz ou guerra
e honraram o nosso pago, com o pé no estrivo.

Por isso nosso sangue carrega a mescla
de índio, espanhol e luso, na descendência
daqueles que vieram antes das invernadas
e demarcaram os caminhos desta querência.

Pois quem é campeiro sempre traz a coragem
e há tempos carrega o jeito desta fronteira
tem no coração o campo, sangue e verdade
e a alma de ser gaúcho a vida inteira!

(Poema retirado do livro "O inventário da sombra" de Gujo Teixeira)